The dude abides

O doutor António Mendonça Mendes é um homem feliz. Como homem feliz, transpira, entre outras coisas, tranquilidade. O ar cândido com que disse «nós nem temos de deixar tudo para a última hora nem temos de utilizar tudo no primeiro dia, temos de utilizar ao longo do tempo» (uma frase, desde logo, a roçar prazenteiramente o ininteligível) evidencia uma atitude despreocupada perante a vida em geral, e as intendências que lhe foram parar ao colo em particular.

O facto de o Estado levar cerca de seis meses a acertar as contas com os contribuintes, retendo dinheiro que não lhe pertence, não o comove. Estou, aliás, em crer que o doutor António Mendonça Mendes toma o exercício como um divertimento: que razões levam os velhacos dos contribuintes a querer submeter o mais rapidamente possível «o modelo três»? No conforto do seu duplex respaldado com o ordenadinho que os apressados lhe pagam, o doutor António Mendonça Mendes coloca todas as hipóteses: será avareza, mesquinhez, gulodice, obsessão com portais, existências vazadas? Um passatempo encantador.

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