Miguel Sousa Tavares está apreensivo: as diatribes de Durão Barroso no Goldman Sachs podem prejudicar a candidatura de António Guterres. Como? Simples e óbvio: da mesma forma que «uma» Telma Monteiro representa toda uma nação na glória, «um» Durão Barroso aglutina toda uma nação na merda. No estrangeiro – lugar longínquo e mítico – um português não é um português: é um país, um povo e um pastel de nata. Alguém devia estudar isto, na medida em que talvez encontre aqui a razão do falhanço colectivo em inscrever mais e melhores portugueses nas galerias da Academia Real das Ciências da Suécia ou nos interstícios do Comité Olímpico Internacional: na hora de todas as decisões, a pressão é tamanha que a alma mingua e, com ela, os músculos, o cérebro, a ética e o jeito. Só problemas.