Consta por aí (não garanto que seja verdade por causa daquela coisa da pós-verdade) que o fantástico Ministério da Educação recomendou um livro do escritor Valter Hugo Mãe para o 3.º Ciclo no Plano Nacional de Leitura, que contém, e passo a citar, «linguagem sexual violenta», facto que escandalizou crianças, pais e um pastor no Fundão.
Vamos a uns excertos:
«E depois fazem amor pelo cu porque não têm racha, enfiam coisas no cu, percebes.»
«E a tua tia sabes de que tem cara, de puta, sabes o que é, uma mulher tão porca que fode com todos os homens e mesmo que tenha racha para foder deixa que lhe ponha a pila no cu.»
Que a prosa pueril do senhor Hugo Mãe inspire o fabuloso Ministério da Educação a recomendar a obra a alunos do 3.º Ciclo: compreende-se.
Já não se compreende a escandaleira em torno da «liguagem sexual violenta», que os petizes praticam com especial devoção nos pátios do Snapchat, do WhatsApp e da escolinha.
O embaraço, aqui, é outro: o de termos chegado a um estágio cultural/intelectual que suscite aos doutores do sensacional Ministério da Educação exaltar escritores e obras desta categoria (dito de outra maneira: estivesse o problema só naquelas frases…)
E tudo isto sem o Trump estar envolvido.