Aquilo a que temos assistido nos últimos dias, não deverá surpreender ninguém.
A tentativa de diabolização do povo britânico – convenientemente confundido com o idiota do senhor Farage – é parte da estrondosa e iminente «fuga para a frente» que a União Europeia se prepara para correr.
Digo «convenientemente» porque Juncker – a face «institucional» mais visível dessa malaise que há muito corrói aquilo a que pomposamente designaram de «o mais belo projecto político da história dos projectos políticos» – precisa de combustível para o próximo negócio da sua vida: provar ao mundo e aos «piquenos» que só o degredo e a humilhação os aguarda caso se atrevam a descarrilar. «Quem não é por nós, é contra nós.» Há que dar o exemplo.
A secundá-lo estão Merkel (*), o inefável Holland, Renzi e esse grande vulto chamado Tusk, por sua vez apoiados por laboriosos apparatchick, lestos em servir a causa.
É esta laia de gente – mesquinha, arrogante, vingativa e por estes dias aflitíssima – que nos calhou em sorte e se prepara para pôr em prática a mais engenhosa táctica instigadora de repulsa desde que Iago sussurrou ao ouvido de Otelo «já que tens um tempinho livre, anda cá ouvir uma coisa.»
Não vai ser bonito.
(* Merkel proferiu hoje declarações que a afastam do ressabiamento, da petulância e da pequenez de outras personagens, revelando a fibra e a classe de um verdadeiro estadista: não invectivar um povo e um país que foi e continua a ser um parceiro e um aliado. Para já, uma lição.)
Gostei da sua escrita. Pena que não apareça mais vezes, porque é lúcido.
Eu estou velho (>70 anos) e nunca tive a coragem de manter um blog.
Obrigado
Disse um militar graduado na assembleia nacional: «Quem não é connosco é contra nosco».
Ah…