Para quem duvidasse da existência de matérias vulneráveis à dúvida não obstante o elevado grau de pureza da irrefutabilidade cientifica, eis a resposta: no grande fórum mundial para a discussão de matérias lusitanas e, en passant, da humanidade (Prós & Contas) debateu-se há semanas a grave «problemática das vacinas».
A única criatura a pôr em causa aquela que é provavelmente a maior história de sucesso da medicina na erradicação (ou redução para níveis, digamos, aceitáveis) de doenças tradicionalmente fatais (a ponto de nos permitir identificar historicamente uma era pré e pós-vacinal pela contagem de milhares de óbitos), fez saber o seguinte: dos cinco filhos que tiveram a sorte de ter um pai terapeuta do biomagnetismo que lê estudos, a «mais nova» não foi vacinada. Foi uma opção. Isso mesmo: uma opção.
Salvo uma referência a correr por parte de um dos paineleiros, abafada por uma moderadora capturada pelo magnetismo do terapeuta, ninguém pareceu interessado em reparar que a opção de não vacinar um dos filhos por parte do terapeuta do biomagnetismo que lê estudos, para além de estúpida, assenta no mais ultrajante dos egoísmos: beneficiar da «opção» certa (leiam comigo: v-a-c-i-n-a-r) tomada ao longo do tempo pela esmagadora maioria dos progenitores (actuais e passados), que permite hoje ao terapeuta do biomagnetismo que lê estudos, e à prole do terapeuta do biomagnetismo que lê estudos, viver num ambiente epidemiologicamente seguro.
Não vejo, por isso, como poderá o Prós & Contras passar ao lado de um alargado debate sobre o biomagnetismo. Um claro problema de saúde (mental) pública.